segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ATO I – Do subterrâneo dos bodódromos até os holofotes da escrita, nos


“Bééé´! Bééé! Bééé! Bode bom de bibiricar”

BODE BIU (Como um arauto) - Aqui não tem homem, aqui também não tem mulher, aqui não tem essas diferenças, todo mundo é de menor: essa é nossa moeda. Arena a gente arma em qualquer buraco!

CABRA FÊMEA (do sussurro ao berro num crescente de nervosismo) - Um bode é preso de um lado e o outro é preso do outro, a gente fica em volta embolado gritando, mexendo e torcido. Os bodes ’stão preparados a gente amarra os culhões deles com arame farpado, eles ficam vermelhos pronto pra batalha com os olhos esbugalhados e bem pra fora, a gente amarra em cada um dos chifres um pedaço de ferro bem afiado para tornar a cena mais colorida. Então a gente solta os bichos e começa a festa, a gente canta: “Bééé! Bode bom de bibiricar. Bééé!”. Crueldade até pode ser, mas a culpa mesmo é da terra.

O VIAJANTE SULISTA (em tom neutro enquanto amarra os cadarços do sapato) - A cidade de Petrolina (PE), cantada por Caetano, Luis Gonzaga e outros tantos por suas intrigas com a prima-irmã Juazeiro (BA), oferece, além é claro da magnitude do rio São Franscisco, uma peculiar atração: o Bodódromo.É fascinante que nos últimos tempos esta região aparentemente inóspita, também conhecida como ‘Polígono da Seca’ venha dinamizando sua performance econômica, sobretudo no setor da agricultura e do turismo. A prima-irmã Juazeiro com seus bem-sucedidos projetos de cultivo de frutas tropicais, nos quais também se insere a produção do sofisticado vinho do Sertão ‘Azevedo’, passou a ser referida como a ‘Califórrnia brasileira’. Neste ponto a sua atenção, caro leitor, é solicitada, pois aqui se inscrevem as referências chaves ao nosso desejo: VINHO & BODE: AGRICULTURA DO MAL.

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