sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Desejo de Real (TEMPO FESTIVAL DAS ARTES)

Nessa noite de contemporânea discussão, quando os corpos e corações pensantes se reuniram para pensar o que os situa no mesmo grupo, (uma vez que já não parece haver nenhuma identidade do que aquela imposta por uma arbitrária linha do tempo) um outro tema emergiu do lado direito do meu cérebro: o amor…


Salta ao olhos que diante da proliferação de novas mídias, novas formas de relação, novas dinãmicas que desarticulam o eixo centro-periferia o desejo de realidade, de verdade, oriente como impulso primordial a criação artística. Diante da impossibilidade de definir identidades que nos situem no Tempo e no Espaço como estabeleceriamos uma idéia de comunidade, um vínculo entre eu e um outro? Depois da derrocada da tradição, dos costumes, dos lugares fixos o sistema capitalista moderno parece se manter apenas por um último baluarte: A idéia de que existe um “eu” que merece ser visto. Um espetáculo auto-ficcional que precisa sempre da legitimação e da visão desejante do outro. O eu-espetáculo, dos vídeos do youtube ou da performance contemporânea, sob a legitimação da idéia de uma auto-ficção, são ao mesmo tempo afirmação e derrocada da possibilidade de manutenção de um indivíduo atomizado e isolado. O narcisista precisa sempre do olhar desejante do outro para se lembrar que existe, não quer mais estar sozinho. Se já não queremos a solidão tampouco conseguimos pensar em laços que nos unam, fora dos valores transcendentais que evaporaram com o sangue das guerras passadas. Eis o nosso desafio, e é sempre bom que exista um, já não se trata do novo, nem do velho, nem da terra e quiçá tampouco do corpo, mas do amor, essa palavra brega, embalada em clichês e carolices que teimou em não me abandonar nessa noite de chuva no bonito e contemporâneo Oi Futuro…

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